Já me andava a enervar tanta
cantoria da Grândola, primeiro porque não sou saudosista - muito menos das causas
dos outros, depois porque acho que o tempo dos outros não é o nosso e, da mesma
forma que não gosto de ver dois filmes com a mesma banda sonora, acho que merecíamos
outra música e de preferência actual - nossa. Mas agora que já se banalizou a
ponto de não “gritar” a ninguém é que me lembrei do desperdício que foi para
aquelas vozes. Porque é que ninguém se lembrou de ir cantar a Grândola para a
porta da EDP, da EDP Gás, das gasolineiras, dos serviços das águas, e de todos
esses bestiais senhores que engordam com margens de lucro brutais, alheios à
crise e dificuldades dos outros, dificultando-nos a vida simplesmente porque nos fornecem o
que nos é básico e fundamental para uma sobrevivência minimamente digna. Esses senhores
que podiam muito bem baixar os preços mas que em vez disso nos espremem como limões. Depois podiam ir cantar para a porta dos empresários que podem aumentar os salários dos empregados (mesmo sem necessidade de leis ou decisões políticas) mas preferem não o fazer porque com a desculpa da crise sempre se pode embolsar mais uns milhares.
Sempre lidei mal com desperdícios,
de comida, de recursos, de energia, de conversa, de acções, enfim, odeio desperdício por
isso me lembrei disto e quis desabafar!