25.3.13

Vira o disco!

 
 
 
Já me andava a enervar tanta cantoria da Grândola, primeiro porque não sou saudosista - muito menos das causas dos outros, depois porque acho que o tempo dos outros não é o nosso e, da mesma forma que não gosto de ver dois filmes com a mesma banda sonora, acho que merecíamos outra música e de preferência actual - nossa. Mas agora que já se banalizou a ponto de não “gritar” a ninguém é que me lembrei do desperdício que foi para aquelas vozes. Porque é que ninguém se lembrou de ir cantar a Grândola para a porta da EDP, da EDP Gás, das gasolineiras, dos serviços das águas, e de todos esses bestiais senhores que engordam com margens de lucro brutais, alheios à crise e dificuldades dos outros, dificultando-nos a vida simplesmente porque nos fornecem o que nos é básico e fundamental para uma sobrevivência minimamente digna. Esses senhores que podiam muito bem baixar os preços mas que em vez disso nos espremem como limões. Depois podiam ir cantar para a porta dos empresários que podem aumentar os salários dos empregados (mesmo sem necessidade de leis ou decisões políticas) mas preferem não o fazer porque com a desculpa da crise sempre se pode embolsar mais uns milhares.  
Sempre lidei mal com desperdícios, de comida, de recursos, de energia, de conversa, de acções, enfim, odeio desperdício por isso me lembrei disto e quis desabafar!
 
 
 

14.1.13

Os intelectuais da crise

 
 
 
 
A crise já mete nojo!
A crise para muitos é novidade para muitos, como eu, já é coisa antiga, por isso, mal se sente a pioria da coisa em si já que pior pouco pode ficar. A crise também é só para alguns, já se sabe, são é mais desta vez em relação a outras tantas vezes.
Mas se há coisa que me confunde nesta crise é observar e ouvir os intectuais da crise, conseguem superar em tudo os "Zés da porta da tasca" a mandar bitaites sobre o assunto.
Os intelectuais da crise meteram na cabeça que são(somos) uns desgraçados - what´s new?, que não querem pagar mais impostos - quem é que quer?, que tudo o que se disser ou fizer politicamente é para atacar sem pensar se é bom ou não, e tal, e tal, e tal, tudo isto bem entranhado na pele e em forma de "novo ideal", revolta e equipa... Até aqui tudo aceitável, agora que os mesmo intelectuais da crise, não querendo que ninguém lhes vá ao bolso, sejam os que levantam bandeiras para, alimentação gratuita em todas as escolas - muito romântico mas pensam que isso sai de onde?, ajudas aos casais individados para pagarem as suas casas - isso sai de onde?, ensino e saúde totalmente gratuitos - e isso sai de onde?, e por aí fora, não entendo! Acho assim qualquer coisa de muito estranho! Eu também sonho com um mundo melhor, justo e equilibrado mas calma aí, estamos longe da situação propícia e o idealismo não dá de comer a ninguém.
Mas aquilo que me levou a escrever este post foi mesmo esta estranha Inquisição que se gerou em volta duma miúda, blogger de moda que disse que sonhava poder vir a comprar, COMPRAR não roubar, uma mala Chanel!! E depois? Vamos ver se entendo os intelectuais feridos da crise, como há gente a passar fome (como se isso fosse novo), como há gente que não consegue pagar a casa ou a renda, como há gente a passar mal, ninguém pode manifestar os seus desejos mais fúteis! É isto? Mais ninguém tem desejos fúteis? Só a tal de Pepa? E aqueles a quem a crise passa ao lado, gastam um ordenado dum pai de família num jantar de amigos, viajam quando lhes apetece, compram os últimos modelitos da moda, ... , faz-se o quê a esses? Fogueira? Até tenho medo. Se sonhar com um objecto, que futilidade tão inédita!, dá direito a um ataque público, comprar aquilo com que alguns sonham dá direito a quê? Não entendo e pronto! Mas está a ficar mesmo entranhado não está?
Agora senhores intelectuais da crise, não se esqueçam de não comer muito nem de se privarem dos pequenos "luxos" a que estão habituados, tipo ir ao cinema uma vez por ano que seja, porque há gente a morrer de fome. E nem ousem sonhar e manifestar qualquer tipo de desejo por um objecto, é inaceitável! Já estou a ver um gajo a dizer "Ó pá, adorava poder ter um Audi!" - "Ai o cabrão, nojento!! Com tanta gente a passar mal, muitos nem para uma carroça têm!" 
 
Deixem-se de fanatismos e hipocrisias! A Pepa não é um chefe de Estado nem ocupa nenhum cargo que possa melindrar seja quem for com as suas futilidades declaradas!